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Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência

Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência

Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência

As mulheres representam cerca de 30% dos cientistas do mundo, segundo os dados mais recentes divulgados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Não é à toa que, no dia 11 de fevereiro, comemora-se o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, data instituída pelas Nações Unidas (ONU) para conscientizar sobre a necessidade da promoção da igualdade de gênero também no ambiente científico e para lembrar a excelência do trabalho desenvolvido pelas mulheres na ciência.

Excelência essa constatada, cotidianamente, nas rotinas de diferentes institutos de pesquisa espalhados pelo Brasil. Na capital paraense, a excelência da pesquisa científica desenvolvida nos laboratórios do Instituto Senai de Inovação em Tecnologias Minerais passa pelas mãos de muitas mulheres, em uma equipe cuja proporção de cientistas homens e mulheres se aproxima de 50%. Com foco no desenvolvimento de pesquisas aplicadas e de alta complexidade, o instituto trabalha com o desenvolvimento de projetos inovadores para o setor da mineração, com o objetivo de melhorar a produtividade ao mesmo tempo em que se reduz os impactos ambientais.

Pesquisadora responsável pela área de caracterização mineral do Instituto Senai de Inovação em Tecnologias Minerais (ISI-TM), a química Patrícia Magalhães lembra que o interesse pela área da ciência esteve presente na sua vida desde antes da graduação e veio a acompanhando ao longo de toda a formação. “Esse gosto pela ciência vem desde muito cedo até porque eu tenho um irmão matemático e que sempre me incentivou muito”, lembra. “Mas o interesse pela química começou um pouco antes da graduação. No ensino médio eu sempre gostei muito de química orgânica e acabei fazendo vestibular para química. Já na faculdade eu comecei a me interessar pela química inorgânica e pela área de mineralogia”.

Patrícia destaca que o Estado do Pará está inserido em uma região que é muito rica em geologia, com a presença de diferentes tipos de rochas. Com isso, o campo para o estudo na área da mineralogia é enorme e foi exatamente por essa área que ela se interessou e que atua até hoje. “Aqui nós pesquisamos a caracterização mineral, a identificação química, a análise técnica da morfologia dos minerais, o uso de tecnologias limpas dentro da mineração, sempre com o objetivo de alcançar melhorias nos processos industriais para a remediação ambiental”, explica, ela que é doutora em geoquímica. “Eu acredito que antes era mais difícil para as mulheres chegarem à área da ciência. A própria área da engenharia química sempre foi muito masculina e hoje a gente já observa uma maior participação das mulheres nessa área. Aqui no Instituto nós temos muitas mulheres pesquisadoras e é um privilégio”.

Em outro campo da pesquisa relacionada à mineração, a doutora em microbiologia e biotecnologia Roseane Holanda também teve a vida ligada à ciência desde muito cedo, apesar de ter percorrido outros caminhos profissionais antes de chegar à pesquisa. “O meu ambiente familiar sempre envolveu ciência porque tenho tios e primos que são da área. Já na universidade eu fiz, logo nos dois primeiros anos, iniciação científica, mas naquela época eu não tinha certeza se era isso que eu queria seguir”, lembra a pesquisadora responsável pelo laboratório de biotecnologia mineral do ISI-TM. “Eu dei várias voltas até perceber que a pesquisa científica era o que me fazia brilhar os olhos, então, depois do mestrado e doutorado eu tive certeza de que era isso que eu queria seguir”.

Roseane explica que, aplicada à melhoria dos processos industriais, a biotecnologia utiliza recursos naturais para estabelecer processos novos que demandem um input energético menor, por exemplo. A vantagem da pesquisa científica aplicada é justamente poder acompanhar de perto as necessidades e os impactos do uso de tecnologias inovadoras nos processos. “O contato tão próximo com a indústria permite esse olhar direcionado para as necessidades, para a sociedade”, acredita. “Como cientista, a gente tem muita vontade de avançar no conhecimento em determinadas áreas de pesquisa que vão levar a uma melhoria para a sociedade e isso é possível na pesquisa aplicada”.

É também com muita paixão que a assistente de pesquisa Vívian Cardoso fala sobre o trabalho desenvolvido no laboratório de microanálise. Química de formação e mestre em geoquímica, ela explica que através de um equipamento nomeado Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) é possível analisar pequenas amostras para identificar que elementos estão presentes ali, o que, no instituto, é aplicado à área da mineralogia. “É um equipamento muito sensível e no qual podemos analisar diversos tipos de amostras. “Através das amostras de minerais colocados no MEV, é possível identificar que elementos estão presentes a partir da análise das formas geométricas. Ele gera uma imagem que me permite identificar se tem ferro em determinada amostra, por exemplo”.

No caso da assistente de pesquisa Paula Araújo, o retorno à pesquisa científica aconteceu após um longo período de atuação na indústria. A engenheira química lembra que, durante a faculdade, participou de muitos projetos de iniciação científica, mas acabou deixando a área da pesquisa quando se formou. “Eu fui trabalhar na indústria de mineração, tanto com a produção de alumina, de alumínio e também de NVC, que é o precursor do PVC. Trabalhei tanto no Brasil, como por quatro anos na Austrália”, conta. “Então, no total, eu passei 14 anos trabalhando na indústria e depois que tive minhas crianças, senti uma necessidade maior de conciliar a carreira e eles. Então, voltei para a pesquisa e hoje consigo conciliar uma necessidade que é minha, enquanto profissional, com a da família”.

Paula considera que, apesar da própria indústria normalmente ser considerada uma área muito masculina, ela nunca sentiu resistência ao trabalhar na área pelo fato de ser mulher, assim como não sente também na área da produção científica. Ela acredita que, hoje, o mundo está se abrindo, de fato, para a maior participação das mulheres na ciência e a própria presença delas nos institutos de pesquisa de uma maneira geral é um incentivo para as meninas que têm vontade de seguir a área. “A minha filha, de 7 anos, viu um vídeo institucional daqui do instituto e na formatura do ABC dela, quando perguntaram o que ela queria ser, ela disse cientista. Então, eu acredito que, quando essa influência chega nos pequenos, se a escola ou a família incentivarem, pode sim levar a uma escolha consciente pela produção científica no futuro”.

Sobre a Data
Em 2015, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência com o objetivo de aumentar a conscientização sobre a questão da excelência das mulheres na ciência e lembrar a comunidade internacional de que a ciência e a igualdade de gênero devem avançar lado a lado, a fim de enfrentar os principais desafios mundiais e alcançar todos os objetivos e metas da Agenda 2030. Desde então, a data é celebrada no dia 11 de fevereiro.

 

Matéria publicada no jornal Diário do Pará, em 06/02/2022
Texto: Cintia Magno
Fotos: Pedro Sousa



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