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Nesta terça-feira, 26 de setembro, é comemorado o Dia do Surdo, data para chamar atenção para a necessidade de inclusão, respeito e preservação dos direitos dessa comunidade no Brasil. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 5% da população do país é composta por pessoas que são surdas. Esta porcentagem corresponde a mais de 10 milhões de cidadãos, dos quais 2,7 milhões possuem surdez profunda, isto é, não escutam absolutamente nada. No Pará, de acordo com o levantamento, 4,8% da população é surda ou tem deficiência auditiva.

 

Enquanto o número de pessoas surdas é alto, a quantidade de espaços públicos e privados acessíveis a esse público ainda é bastante reduzida no país. São poucos os lugares, por exemplo, que dispõem de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), fundamental para que o surdo possa se expressar. Essa barreira da comunicação faz com que essas pessoas percam a autonomia e liberdade para desempenhar tarefas como fazer compras, pedir uma informação e conseguir emprego, por exemplo.

 

Pensando em contribuir para que mais surdos entrem no mercado de trabalho com a devida qualificação e autonomia, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI Pará), por meio do seu Programa SENAI de Ações Inclusivas (PSAI), realiza a capacitação profissional de surdos em seus cursos regulares, acompanhados por intérprete de Libras. Só nos últimos três anos, já foram aproximadamente 300 surdos formados pelo SENAI no Pará.

 

Maria Amélia Costa recém concluiu o curso de Assistente Administrativo na unidade do SENAI Getúlio Vargas, em Belém, e já está atuando na sua área de formação. Para ela, a presença do intérprete de Libras em sala de aula foi fundamental para o entendimento do conteúdo passado pela professora. “Foi fundamental ter em sala de aula o intérprete de Libras, que é a nossa língua. O que acontece muito na nossa comunidade é que quando não existe esse tradutor, as pessoas surdas acabam desistindo do curso, pois fica inviável o entendimento”, diz Maria Amélia.

Outra aluna do curso de Assistente Administrativo, Mayara Lopes também já está exercendo seus conhecimentos no mercado de trabalho. Com o certificado em mãos, ela se diz confiante para realizar suas tarefas profissionais. “Com os conhecimentos que adquiri eu me sinto segura para atuar em qualquer lugar da minha formação, seja RH, seja administrativo, seja gestão. Vamos levar isso para a vida. Quando o intérprete de Libras está presente faz com que a gente consiga superar as nossas dificuldades,” conta a profissional.   

 

Nesses anos de atuação com a comunidade surda, o SENAI já formou profissionais para as áreas de Administrativo, Tecnologia da Informação, Automação, Empreendedorismo, Construção Civil, Mecânica, Soldagem, Segurança do Trabalho, entre outras, em vários municípios do estado. Essas formações acontecem em cursos regulares do SENAI ou em turmas somente para surdos.

 

Para o Gerente Executivo de Educação Profissional do SENAI, Davis Siqueira, é necessário superar preconceitos, oportunizar e considerar a capacidade da pessoa surda em atuar em qualquer setor da sociedade. ”É preciso a gente romper com o paradigma de capacitismo e começar a pensar no desenvolvimento de habilidades, de competências, de valores estéticos e éticos na pessoa com deficiência. O surdo é capaz e pode atuar em qualquer espaço da educação profissional”, conclui Siqueira.